quinta-feira, 11 de outubro de 2018

Tributo a Renato Russo com bandas autorais de Belém




John Pilonche, Superself, O Cosmo e Nicobates e os Amadores vão tocar músicas próprias e covers da Legião Urbana. Final vai ter uma jam session 

O Decibéis Pub realiza nesta quinta-feira, 11, véspera do Feriado de Nossa Senhora de Aparecida, seu primeiro Tributo a Renato Russo. O show conta com a participação das bandas John Pilonche, Superself, O Cosmo e Nicobates e os Amadores, que vão tocar músicas autorais e versões de músicas da Legião Urbana e de Renato. A data marca o 22º aniversário de morte do vocalista e fundador da Legião Urbana.  
“Em 20 anos como músico e compositor é a primeira vez que participo de um tributo a Renato Russo e Legião Urbana. Já assisti um bocado como ouvinte. Confesso que estou ansioso, e para mim, que sou um legionário assumido, vai ser emocionante. Entre os músicos da banda John Pilonche e o Universo Imprevisível, estarão tocando comigo meus dois filhos ao lado de mais dois amigos. E fazer esse lance ao lado deles vai ser o máximo”, celebra Madilson Pilonche, proprietário do pub e líder da banda.
Para Rael Andrade, vocalista e compositor da banda Superself, que lançou recentemente o single “Comprimido de Amor”, é praticamente impossível ficar imune às letras da Legião Urbana. “A reverberação dessas canções, até hoje, mostra a sua longevidade. É como se pudéssemos ver e ouvir Renato Russo aqui agora vivinho da silva. E certamente se ele estivesse aqui estaria opinando sobre a preocupante fase que a nossa jovem democracia atravessa”, conta.  
Já para Brancoso Aflolo, da banda O Cosmo, que lançou recentemente o EP “Origens”, a Legião Urbana é um exemplo claro de como um artista tem e precisa ser verdadeiro e sincero com o seu público. “Meu disco preferido é o Dois, que fez muito sucesso na época e catapultou definitivamente a banda no cenário nacional. O resto todo mundo já sabe. As letras paracem que foram escritas em 2018. Vai ser muito bom poder compartilhar com os amigos esse momento, tanto das bandas participantes quanto os fãs da Legião”, disse Brancoso. 
Pelo formato do tributo, cada banda toca três músicas autorais e três músicas de Renato Russo e Legião Urbana. “É um formato diferente porque é um tributo de bandas que celebram não somente o cover ou as versões, mas o significado dessas canções. São compositores e artistas que são influenciados por sentimentos semelhantes ao de Renato, sentimentos de indignação, mas também de amor e solidariedade. Muito a ver com o momento que vivemos”, explica Nicobates, da Nicobates e Os Amadores, que também está com o EP “Rock da Martinha” nas redes.

SERVIÇO:
Tributo a Renato Russo
Com as bandas John Pilonche, Superself, O Cosmo e Nicobates e os Amadores.
Local: Decibéis Pub (Conj. Bela Vista / Marex – Rua Florianópolis, 2112 – Val de Cães).
Ingressos: R$ 5
Informações: (91) 99288 6798

quinta-feira, 13 de setembro de 2018

Lançamento do CD "Adorai" de Sandro Santarém


MÚSICA GOSPEL
Cantor e compositor Sandro Santarém lança primeiro álbum católico em Belém

“Adorai” é um CD com arranjos pop modernos inspirados em grandes nomes da música católica e pretende colocar o Pará entre os produtores desse segmento artístico no Brasil



Ainda na adolescência Sandro Santarém iniciou sua trajetória na Paróquia de Nossa Senhora das Graças, em Ananindeua (PA). Lá ele descobriu a oração e a música ligadas ao movimento da Renovação Carismática Católica, e desde então sua vida tem estado ligada a esses dois elementos: música e oração. Depois de participar do coral da igreja, ele recebeu incentivos e foi estudar música no Centro de Cultura e Formação Cristã (CCFC), Região Metropolitana de Belém.
Hoje graduado em música pela Universidade Federal do Pará (UFPA), Sandro se divide entra a atividade como professor de música em igrejas de Belém, o treinamento vocal de artistas paraenses e o trabalho autoral com a música cristã. “O ápice da minha carreira é, para mim, o lançamento deste disco. Nele eu coloquei tudo que aprendi em um projeto cheio de inspiração divina”, conta o cantor e compositor.
“Adorai” começou a ser composto em 2015. Segundo Sandro, sob a direção do Espírito Santo as orações começaram a surgir em forma de música. Ele então decidiu registrar as canções de forma caseira para uso em sua igreja. A missão tornou-se então um grande projeto de álbum que culminou com o CD a ser lançado agora. A experiência na música popular, ajudou a consolidar o projeto, pois Sandro Santarém já produziu e dirigiu espetáculos de Dayse Addario, Nanna Reis e Zarabatana Jazz Band, renomados artistas paraenses. “Como produtor e preparador vocal, atuo na música profissional de Belém há 10 anos, produzindo CD’s, shows e DVD’s”, conta.
            O cantor passou maior parte de sua vida cantando em grupos de oração e grupos missionários. O destaque é para o grupo Servos Missionários da Divina Providência, onde ele passou maior parte de sua adolescência, ministrando nos louvores e pregando o Evangelho. Atualmente, o cantor faz parte do ministério de música da paróquia São Pio X em Ananindeua e da comunidade católica Shalom.
            O álbum “Adorai” foi masterizado nos EUA por Brendan Duffey e traz ao público católico dez faixas de autoria do cantor, com arranjos e produção de Rodrigo Ferreira. São lindas e inspiradas canções de louvor e adoração a Deus, com instrumentação pop inspirada em bandas e artistas estrangeiros como Gateway Worship, Hillsong, Frei Rob Galea Ministry e The City Harmônic, além do brasileiro Tony Allysson e a banda paraense Prostrados.
“Com linguagem atual e arranjos modernos, o álbum tem como público-alvo todas as pessoas que creem em Deus, independente de religião. Na verdade, qualquer pessoa pode ouvir as canções pela sua composição lírica, mas são canções ligadas à religiosidade”, explica Sandro. 
            A beleza das canções e a técnica da interpretação de Sandro têm chamado a atenção de artistas e produtores. A cantora Nanna Reis gravou “Em tua presença” com Sandro e participará do show, assim como Judson Brito, da banda Prostrados, que gravou as flautas de “Todo Poderoso” e interpretará a canção “Pródigo”, de sua autoria, uma das duas únicas que estão no show e não fazem parte do repertório do álbum. “A outra música do show que não está no disco é “Toda Terra (The Whole Earth)”, uma versão do ministério americano Gateway Worship, canção que pretendo gravar um dia”, diz Sandro.
Como produtor e cantor, Sandro acredita no potencial dos servos e ministros de música de Belém, e que o Espirito Santo há anos vem abençoando esse estado com compositores e verdadeiros guerreiros da música em nossa Igreja. Um dos objetivos deste CD é fomentar a música católica no Pará e motivar outros cantores e bandas a lançarem seus trabalhos e obedecerem a missão de evangelizar na igreja contemporânea.
Muitas parcerias foram estabelecidas para a produção deste projeto, uma delas foi com o Quartel Design empresa renomada por criar a identidade visual de muitos artistas do seguimento gospel, e o Pulsar Studio, estúdio de som de grande qualidade técnica de Belém. O projeto também contou com profissionais de fotografia e vídeo como as fotografas Tereza e Aryanne e o filmaker Felipe Negidio. O show terá ainda projeções do VJ João Sabbah, e apoio da Doceria Amorosa, CD Music e de Ana Caraveo (make up). 

SERVIÇO:
Show de Lançamento do CD “Adorai”, de Sandro Santarém
Dia 19 de Setembro de 2018 – Às 20h
Local: Teatro Margarida Schivasappa – Centur
Ingressos: R$ 20 (R$ 10 meia entrada) – Comunidade Shalom (São Brás e Cidade Nova) e Paróquia Santo Antônio de Pádua (Mário Covas).
Informações: (91)  981687474

FICHA TÉCNICA
PRODUÇÃO:
PRODUÇÃO GERAL – SANDRO SANTARÉM
PRODUTOR TÉCNICO – NICOLAU  ALVES
DIREÇÃO ARTÍSTICA – CIBELLE JEMIMA
DIEREÇÃO MULTIMÍDIA – FELIPE NEGIDIO
ASSESSORIA DE IMPRENSA – ELIELTON AMADOR
SOM – JEREMIAS DE LIMA
ROADIE – NEMIAS MENEZES
VIDEO MAPPING – VJ JOÃO SABBAH
ARRANJOS BANDA- RODRIGO FERREIRA
ARRANJOS BACKINGS – ADRIANO CRUZ
ASSISTENTE DE PRODUÇÃO – ANA LÚCIA PEIXOTO
ASSISTENTE DE PRODUÇÃO - CÉLIA  ALVES
ASSISTENTE DE PRODUÇÃO – SARA LIMA
ASSISTENTE DE PRODUÇÃO – CAMILA CASTRO
MAKE UP- ANA CARAVEO

MUSICOS:
SANDRO SANTARÉM - VOZ
RODRIGO FERREIRA –TECLADO
TIAGO BELÉM –BATERIA
LUAN LACERDA – CONTRABAIXO
TIAGO VIANA – GUITARRA
FILIPE PAIXÃO – GUITARRA
DIEGO OLIVEIRA – VIOLÃO

BACKING VOCAL:
JONAS MACEDO
ADRIANO CRUZ
TIAGO SODRÉ
JUDITE NASCIMENTO

PARTICIPAÇÕES ESPECIAIS:

NANNA REIS: VOZ
BANDA PROSTRADOS
MONICKY ROMANHOLI: VIOLINO
JUDSON BRITO: FLAUTA  E VOZ

APOIO:
PULSAR STUDIO
DOCERIA AMOROSA
CD MUSIC


quarta-feira, 4 de julho de 2018

O revival da sociabilidade pela música



Publico a íntegra do release do lançamento de Rock da Martinha, primeiro single/EP oficial do meu primeiro álbum. 

Foto de Marco André Moraes e o Eloi avisando que é dia 5 o show


Um encontro de duas gerações em defesa da arte e da tolerância. Assim podem ser definidos o lançamento e show em torno da regravação da música “Rock da Martinha”, de Eloi Iglesias, pelo compositor e guitarrista Nicolau Bates, o Nicobates (ex-integrante da banda Norman Bates). O EP Rock da Martinha sai pelo selo Na Music e terá show de lançamento com a participação do autor da canção no dia 5 de julho no Núcleo de Conexão Ná Figueredo.
Composta por Eloi e os irmãos Cláudio e Cássio Lobato, que faziam parte do movimento Liberô Geral, a música foi lançada em 1987, no LP com o mesmo nome do movimento. “Todo mundo em Belém e também fora da cidade conhece ao menos uma música desse disco, que é ‘Pecados de Adão’, sem dúvida o maior sucesso de Eloi. Mas Rock da Martinha também é uma canção importante porque repercutiu muito, foi proibida de ser executada publicamente pela censura e era uma crônica de um momento histórico, social e cultural de Belém”, explica Nicobates.
O ex-guitarrista, que virou cantor de rock há três anos quando decidiu gravar suas próprias canções após a saída da Norman Bates, conta que ouvia Rock da Martinha aos 11 anos de idade e cantava todos os nomes da canção com entusiasmo sem nem sequer saber do que se tratava. “Eloi me contou que a canção foi baseada em uma matéria jornalística, que  denunciara os traficantes de maconha de Belém e que a ‘Martinha’ era, na verdade, uma corruptela de Matinha, o bairro onde o tráfico era mais forte”, conta o cantor, que também é jornalista de formação.
Sem a intenção de fazer qualquer tipo de apologia, a gravação acabou suscitando a reflexão sobre o consumo da maconha. Quando se encontraram para gravar uma entrevista sobre o lançamento do EP, Eloi explicou a natureza da canção. “Essa música surgiu na banda Grupo de Risco, que fazia parte de um movimento pornográfico artístico, no momento em que todas as regiões do Brasil tinham suas manifestações artísticas, como a tropicália, a galera do Ceará e o Clube da Esquina, nós tínhamos a Equatoriália e o Liberô Geral. E esse movimento tinha como intenção mexer com a cabeça das pessoas, fazê-las pensar, porque esse é também o papel da arte. Era a arte em defesa da própria arte, uma arte libertária”, conta o próprio Eloi.
“Baseado no que o Eloi conta, aquela era uma época em que tudo era mais romântico e a violência não era tão forte quanto hoje. Por isso, acredito que a música é mais atual do que nunca ao ser posta exatamente numa retrospectiva. Não apenas de revival da arte ou do gênero musical, mas um revival da sociabilidade. A canção é um registro de um tempo mas de forma nenhuma ela é datada. Ela nos mostra que houve um tempo diferente. Um tempo de uma sociabilidade que mudou também pela postura repressora no combate ao consumo da maconha. Tá mais do que na hora de voltar a discutir o assunto”, pontua Nicobates.
Rock da Martinha sai nas plataformas de stremming de música ao lado de “Voo do Pensamento”, composição de Nicobates que tem a participação de Flávia Aquino e Antonio Novaes (A Euterpia). A arte da capa, baseada em histórias em quadrinhos e na estética rockabilly, foi feita pelo ilustrador paraense Paulo Victor Magno. O show conta na formação de Os Amadores, banda “flutuante” que vai ter na formação dois bateristas e dois baixistas se revezando entre os momentos mais dançantes e mais pesados do show. A formação completa inclui Carol Endres, Ana Paula e Iza Vedo (backing vocals), Charles Andi (guitarra), Moriel Prado (contrabaixo), Dan Ferreira (contrabaixo), Wagner Nugoli (bateria) e Marco André (bateria).
Além de cantar Rock da Martinha com Nicobates, Eloi Iglesias deve cantar seu maior sucesso e uma música inédita de seu repertório. O setlist da banda inclui ainda as músicas do álbum cheio que deve sair no final do ano e algumas releituras de Caetano Veloso e Elvis Presley, além do brega pop anos 1980.

SERVIÇO:
Rock da Martinha – Com Nicobates e Os Amadores e participação de Eloi Iglesias
Local: Núcleo de Conexões Ná Figueredo (Pub) – Av. Gentil Bittencourt, 449
Dia 5 de Julho – Quinta-feira - A partir das 20h30
Ingressos: R$ 10 (valor de meia entrada)
Informações e entrevistas: (91) 98168 7474

terça-feira, 10 de abril de 2018

Factoides x Fake News: o plot point da campanha



Nunca na história deste País, quiçá do mundo, se discutiu tanto a Comunicação como agora. Da espetacularização da prisão do ex-presidente Lula às Fake News que ajudaram a eleger Donald Trump, passando por factoides, brigas em tv ao vivo envolvendo até Sindicato de Jornalistas e pedidos de desculpas de Mark Zurckerbeg no Congresso Americano, tudo parece trespassar (sim, “trespassar”, como uma lança!) esta ciência tão nova, tão sofisticada e tão banalizada. Daqui a pouco, a gente estará discutindo comunicação como o brasileiro discute futebol. Ou seja, no nível mais rasteiro possível. Alguém tem culpa por isso? Talvez. Mas esse não é o tema desse texto. 

Ciro Gomes e o abestado político que se julga o inteligente do MBL 


Uma ex-professora de jornalismo que me iniciou nos meus dois primeiros estágios disse essa semana em seu perfil que doutores, mestres, alunos e profissionais de comunicação deveriam prestar atenção em Lula. “Quando ele pega o microfone e fala todas as atenções se viram para ele”, ela disse. Como se isso desse alguma qualificação especial a Lula. Ora, apenas este era o fato mais importante do momento em toda a nação. Todos olharíamos como pedestres param para olhar um acidente que ocorresse no mesmo quarteirão.

Lula entende tanto de comunicação como eu entendo de futebol. Ou seja, a gente está mais ou menos no mesmo nível em ambas as disciplinas. E eu nem sou doutor. Mas quem é doutor como a minha ex-professora e é petista deveria pagar um dízimo extra ao partido por deixar a Globo conduzir Lula exatamente ao ponto que ela queria. Sem que ele não tivesse outra alternativa a não ser se refugiar em seu berço político sindical para simular uma grande comoção de seu séquito pela sua ordem de prisão. 

O povo, professora, lhe digo, lamentou mas deu de ombros. Porque nessa hora a Globo colocou um monte de pessoas pobres contando as suas histórias para o Luciano Huck em rede nacional. Histórias tão mais sofridas que a do Lula. Como a de uma moça que foi estuprada quando criança e enfrentou todo tipo de adversidade para superar o trauma. Eu estava vendo o discurso dele ao celular e estava zapeando pelos canais para ver a cobertura das TV's.  

Mas este texto não está sendo escrito para penitenciar meus amigos e professores petistas. Não por isso. Dou ênfase ao fato político mais importante da História recente do país para mostrar como essa comunicação, tão popular e tão banal, vai do mais sofisticado ao mais reles em questão de horas. E vou me concentrar no espectro político do Brasil hoje.

Tão logo a aguardada, celebrada, lamentada e de toda forma explorada prisão de Lula esfriou nos noticiários, um factoide invadiu a cena da sucessão presidencial no Brasil. E, olhe, que tanto se falou em fake news que um factoide acabou roubando a cena. Um velho e já quase esquecido conceito retornou sem que ninguém, a não ser é claro (é preciso dar o crédito, distante da minha vaidade pessoal) a este blogueiro de ocasião.  

Neste ponto preciso esclarecer a massa que se julga muito conhecedora hoje em dia dos termos sobre a diferença. Sim, porque certamente há quem dirá que fake news é o velho factoide e que tudo não passa da mesma coisa com nomes diferentes. Pois “menas verdade”, como diria o sábio caboclo paraense.

Fake news é tão somente aquilo que uma tradução literal denunciaria: uma notícia falsa, disseminada nas redes sociais sem checagem que promove distúrbios de cognição nos acéfalos da comunicação digital.

O factoide é um termo muito mais sofisticado, cunhado pelo escritor americano e também jornalista  Norman Mailer em sua biografia de  Marilyn Monroe. Portanto, os factoides podem estar, assim com as fake News, ligadas às celebridades. Ocorre, no entanto, que os factoides são fatos cotidianos que não têm absolutamente nenhuma relevância (como fatos jornalísticos) até serem explorados exaustivamente pela mídia de forma inescrupulosa.

Um factoide, diferentemente de uma fake new, aconteceu. Mas sua abordagem nada tem a ver com sua relevância e seu efeito é quase o mesmo das fake news: causar distúrbios cognitivos em abestados digitais. Porém, dado o fato de que aconteceram, eles acabam por enganar abestados um pouco mais evoluídos. Gente que se julga mais inteligente que a média da massa acéfala das redes sociais.

Desculpem o palavreado! Minha querida e idosa mãe vive me repreendendo pelo modo como falo, mas resolvi escrever como falo por consideração às declarações de Umberto Eco em seu leito de morte. Precisamos falar a linguagem da ralé para se fazer entender. E, de repente, trazer os imbecis a outro nível de comunicação. Sim! Porque Eco tinha razão, a internet amplifica as suas vozes e isso não vai mudar. Não adianta censurá-los! Ou a gente os educa, ou seremos sacrificados por eles. (Outra hora conto a minha teoria sobre o palavrão na comunicação fenomenal)

Mas, chega de enrolação, tio, vamos aos fatos. Ou melhor, ao factoide.

O factoide foi o safanão que o presidenciável Ciro Gomes deu no idiota blogueiro financiado pelo MBL (nem lembro o nome) que tentou aplicar uma pegadinha no cearense arretado.

O próprio Ciro, um abestado digital segundo as regras da geração milenium, atendeu ao chamado do blogueiro achando que teria mais uma oportunidade de mostrar sua lábia experimentada de outras campanhas em um momento promissor em que supostamente a saída de cena de Lula lhe favoreceria.  

Penso que Ciro se empolga fácil e acredita mesmo que pode vencer essa campanha. Pode. Como podia em 2002. Mas ele precisa melhorar muito ainda para não perder de novo para si mesmo. É ingenuidade achar que sua consciência econômica e seu conhecimento e experiência seriam o suficiente para aproveitar uma conjuntura supostamente favorável. A conjuntura muda muito rápido, Ciro. E você precisa estar um passo a frente, como o MBL estava.

Mal Lula esquentou o colchão da cela especial (“uma espécie de sala de Estado Maior”) em Curitiba e o movimento capitaneado por Kim Kataguiri já estava mirando na bola da vez: Ciro. Sim, porque não é Manuela D’ávila e nem Guilherme Boulos que tem chances reais de crescer com a saída de Lula de cena. Esse cara é o Ciro. E, devo logo dizer, Ciro é meu candidato desde já e até que surja coisa melhor. Não tem “insencionismo”, não. E não tem carta em branca também, não. O papo é reto.

Mas, voltando ao factoide. Tão logo o idiota do MBL fizesse a primeira pergunta, Ciro percebeu a armadilha: “Você é um bolsominion?”, disse. A cena é hilariante. “Não, eu sou um liberal”, diz o abestado. A primeira pergunta foi sobre o “sequestro de Lula”. Ciro disse em uma entrevista que se impusessem uma prisão arbitrária contra Lula ele iria sequestrar o Lula para impedir uma injustiça. Contra todas as piores expectativas, a prisão de Lula foi decretada da forma mais arbitrária possível. Mas Ciro não estava lá sequer no caminhão da missa de Dona Marisa. Quem estava lá eram Boulous e Manuela. Nem Haddad apareceu muito. Ficou claro que o PT rifou quem iria ter a luz do poste de Lula, como disse o Paulo Henrique Amorim.

Talvez Ciro tenha usado essa força de expressão para capitalizar eleitores do Lula. Afinal, ele pode ser coerente, pode até ser honesto e abestado, mas se julga inteligente. Cabra arretado. Estrategista eleitoral. Tsc tsc.

Talvez Ciro seja apenas um cara coerente e pouco hipócrita, como a dita direita liberal jura não ser. Mas é. E esse abestado do MBL é a prova cabal disso (e eu vou chegar lá). Ciro também disse que receberia a turma do Moro a bala. Foi uma ênfase maior. Uma forma de expressão. Ele se comunica desse jeito. Afirmou isso porque sabe e aposta todas as fichas nisso, que jamais seria preso por corrupção. Isso é o que ele afirma e diz provar: ser honesto. “Nada mais do que minha obrigação”, é quase um bordão em sua boca.

Esse tipo de comunicação, assim como a comunicação truncada de Lula  e de Dilma, exige altruísmo e alteridade para ser entendida. Tudo o que não há na comunicação maliciosa do MBL. Por muito menos Márcia Tiburi deixou o estúdio, fugindo ao debate com Kataguiri. É incrível como esse povo da esquerda cai nessas armadilhas ingênuas. Coisa de crianças inteligentes, sim. Mas mimadas e irresponsáveis. 

Ciro é esquentado. Todos sabem. Qualquer pessoa minimamente coerente perde a cabeça com esse Brasil ridículo de hoje. Com essas instituições falidas e essa hipocrisia generalizada. Mas o abestado moralista arma factoides e armadilhas discursivas banais, para alguém que, de boa fé, lhe deu atenção. Quando percebe a armadilha em que caiu, Ciro sai fora e dá um tapinha na nunca do abestado, que, muito bem preparado para a sua presepada, não perde a chance e saca: “Hey, você pensa que eu sou a Patrícia Pilar para você me bater!”.

Fosse aqui na rua de casa e ele pegaria era uma facada. Ou um tiro mesmo. Na Sacramenta é foda, mano.

Estimulada pelo episódio, uma colega mestrA em Comunicação, formada e residente do Sul Maravilha do Brasil Varonil, dita liberal,  disse que Ciro era, entre outras coisas, um “machistoide”. Hehehe.

Tipo assim, baby, se considerarmos a mesma premissa do “factoide”, o “machistoide” é um “machista irrelevante”, um machista que parece, mas não é. O que seria isso? Um machista que não incorre em risco maior às mulheres? Considerando a postura “feminazi” das amigas debioloides cognitivas do movimento, isso é quase um elogio. Olha, desculpem as feminazi por chama-las assim, mas to xingando todo mundo aqui que usa essa comunicação ridícula. E eu acredito em direitos iguais. Autodenominar-se  “feminazi” é um acinte às vítimas do holocausto nazista, no mínimo. Mas, claro, essa parte deve ser resultado da minha própria demência cognitiva.

Mas eu sei que minha amiga capricorniana não é feminista. Ela atenta contra as feministas o tempo todo.  Ela é uma abestada cognitiva (uma aberração, Marilena?!) de nível superior. De pós-graduação. Ela acredita que Ciro não entende nada de Economia e que o projeto nacional desenvolvimentista dele é uma furada. E que ele mente descaradamente os números. Olha! Vou te falar, eu já quis muito rasgar meu diploma. Mas se ele fosse de Harvard como o de Ciro é, e, em vez de Jornalismo, fosse de Direito ou de Economia, eu ia pensar duas vezes!

Sinceramente, eu não sei o que pensar de vocês! Nem Marx, nem Smith, nem Ricardo, nem Rousseau explicam a cabeça de vocês. A única cabeça capaz de entender a de vocês, na minha estúpida opinião, é a do velho e bronco Freud. Vocês não são liberais ou socialistas. Vocês são neuróticos. Deus me livre.

Mas, voltando ao Ciro e ao facistoide (olha eles aí. Ou seria “liberaloide”?), é preciso dizer. Falar da Patricia Pilar denunciou seu caráter. Não adiantou posar de bacana liberal, de inteligente, aplicando golpes midiáticos de Youtube. Ele se revelou. Mas... ninguém o denunciou.  Mas uma vez esse colunista de ocasião vem em socorro da coerência solidária.

Ciro nunca foi acusado de bater em Patricia. Foi acusado de uma declaração machista da qual se desculpou e a qual ela mesma já esclareceu diversas vezes. Inclusive, ela deu recente entrevista a O Globo, em que desmente mais uma vez essa história e afirma votar em Ciro. E garante: “Ciro nunca foi machista”.

Portanto, uma malícia, uma perversidade típica da geração coca-cola deste século, orientada e direcionada para o combate político midiático que vai marcar estas eleições. Juntamente com o conluio das instituições nacionais. Todo mundo junto.

Esse factoide é o que os roteiristas chamam de “ponto de virada”. O plot point da campanha de Ciro e da campanha presidencial como um todo. O movimento tirou Lula de cena e agora mira no adversário mais forte. Isso deve servir de alerta para Ciro, que deve corrigir seus rumos e se preparar melhor para o debate da massa e não apenas falar para uns letrados intelectuais incapazes de formar opinião hoje no Brasil. E que, diminuídos pela sua inteligência, se ressentirão.  

Não vai ser fácil. Aguardem os próximos capítulos.

Nota 1: “abestado cognitivo” é uma redundância neologística usada (como outras neste texto) para dar ênfase na comunicação com idiotas digitais.

Nota 2: As pessoas não citadas neste texto podem existir ou não. Elas podem ter dito ou escrito o que eu disse que escreveram desta ou de outra forma. Ou não. No fundo, suas citações são meramente ilustrativas. Não há nada pessoal no tratamento dado a elas. Aos inteligentes, sábios e moralistas: estes são recursos narrativos e didáticos.













  









sexta-feira, 26 de janeiro de 2018

Chamada para o Rocket Long Play 4


Hoje tem mais som de vinil e música alternativa no Rocket Bar, além de sebo. Confira a chamada. 

De olho no movimento: Tiburi, Kataguiri e Lula no palco do teatro nacional

Se a esquerda que defende Lula tinha em Márcia Tiburi um cabo eleitoral, ela não os decepcionou. Não os decepcionou porque a caixa ideológica não os permite se decepcionar. Mas ela não defendeu a democracia que julga estar ameaçada pelos fascistas. No post anterior desse blog, a postura de Benjamin é bem clara: é preciso enfrentar o fascismo no campo cultural. Assim, a batalha será perdida mais facilmente. O povo onde fica nessa?



Tenho medo de escrever sobre questões nacionais aqui neste blog. Não porque não me ache capaz de fazê-lo, mas porque acredito que se eu começar vou ter que continuar, pois mesmo com poucos leitores já me cobram nas poucas reuniões sociais de que participo que escreva com maior regularidade. O trabalho e a falta dele me ocupam muito tempo, e escrever sem remuneração não é exatamente a primeira ideia para quem deveria ganhar a vida com as palavras.
De toda forma, não há como não escrever sobre Lula hoje. O debate se acirra e o teatro nacional comove a todos. Portanto, esse é o momento que faltava para dar continuidade a um olhar mais sistemático sobre a sociedade brasileira contemporânea. Vou tentar sintetizar e ir direto ao ponto que considero crucial na questão social e política que diz respeito ao povo brasileiro hoje em dia.  
Em primeiro lugar é preciso reconhecer que é triste a situação do Lula, que realmente fez muito pelo povo brasileiro e se tornou um dos maiores líderes de nossa história. Sim, ele tem sido perseguido e tem provocado a inveja e a ira de muitos no campo ideológico à direita. E dos ricos empresários e a elite que manda o país. Até se fala em uma conspiração maçônica. É verdade que outros tantos deveriam ser julgados com o mesmo rigor que ele está enfrentando. E, sim, estão tentando e conseguindo colocar ele fora do páreo das próximas eleições presidenciais.
Mas, repetir isso é chover no molhado. Não se ofendam os meus amigos petistas ou ditos “de esquerda”, mas meu pensamento não cabe mais nessa caixa ideológica que nos impede de perceber o mundo a nossa volta. A fenomenologia e a psicanálise têm que ter alguma serventia prática. Pois vejam bem. Seja qual for a  abordagem jurídica que se fizer valer, haverá motivos para punir Lula. O povo sabe disso. O povo não é bobo, como diz aquele bordão. Mas a Globo é mais eficiente em enganar o povo (mesmo os não-bobos podem ser enganados, de vez em quando) do que muitos militantes partidários de esquerda.
O povo não julga o Lula de todo inocente, o povo o julga, em alguma medida, justo. Talvez pelo que ele fez pelo povo. Sempre em alguma medida mais ou menos mensurável, seja de povo, seja de justiça. Assim como podemos falar intersubjetivamente de uma cidadania plena, podemos falar de uma cidania precária, de uma meia cidadania, de uma meia democracia ou de uma meia justiça, que em todo caso é diferente de uma justiça plena. Não é bonito. Mas é o que somos, por enquanto e por assim dizer.  
Mas este mesmo povo também passa a se questionar o quão justo ele pode ter sido uma vez que ajudou proporcionalmente tantos bandidos e ricaços quanto os pobres. Mas cedo ou mais tarde a intersubjetividade, digo, o conhecimento social popular em relação à política aumenta, enquanto que o militante se fecha aos fatos novos por ter um posicionamento de guerrilha ideológica, e esse é o germe da destruição do movimento de esquerda no Brasil e no mundo em todos os tempos. É. Porque sustentar uma mentira, mesmo que ela pareça justa, sempre tem um preço alto.
O povo não é de esquerda. O povo sente, o povo pensa. E a falta de um compromisso ideológico lhe proporciona a abertura, mesmo lenta, que um partidário não tem. Isso é lógico. E o pensamento liberal no Brasil, que sempre foi pouco articulado intelectualmente, pois que a Academia brasileira sempre foi marxista, sim, isso é fato, vem se apropriando das intuições da população. Cada vez mais. Por estarem ainda relativamente fora de uma caixa, acabam por grosseiramente ampliar o espectro de pensamento nacional.
Mas, voltando a Lula. Então, se temos simpatia, empatia e compaixão por Lula, vale a pena ficar preso a esse evento? A Globo e o PT usam esse evento (os processos contra Lula) como um evento de massas, um espetáculo. A mesma técnica usada pelos seus opositores desde sempre: chamar a atenção a um ponto enquanto outros pontos no palco ou fora dele ficam descobertos e outros truques ocorrem. São distrações. Lula sabe que não concorrerá às eleições. Mas está capitalizando tudo o que ocorre com sua perseguição.  Assim como a Globo o faz de seu lado. É como se os dois fizessem parte do mesmo espetáculo. Estão irmanados nisso, numa batalha que em grande medida, apesar de estar travestida na questão da democracia, não nos diz respeito. Nosso poder não muda o cenário. Apenas os dá poucas opções no cenário posto por eles. Enquanto outros tentam correr por fora (aí, está o novo).
Enquanto isso, seu prefeito faz ou deixa de fazer coisas muito mais importantes no seu cotidiano. Enquanto isso, só para dar um exemplo, Simão Jatene exercita o arremedo de espetáculo que ele aprendeu tocando e cantando. Bem que poderia estar na Gobo. Enquanto isso, seus assessores de comunicação discutem a postura de Márcia Tiburi, no Rio Grande do Sul, nas redes sociais.  
No Facebook, esquerdistas e direitistas, coxinhas e petralhas não vão chegar a lugar nenhum. Assim como Márcia Tiburi e Kim Kataguiri, artistas, professores, profissionais liberais, a classe média intelectualizada e mesmo a nova classe média formada nos governos Lula não vão sair de sua zona de conforto. Márcia não vai ficar pra dar palco ao outro que só se esforça para estar no palco para provocar. Cada um defendendo seu próprio capital cultural, como ensina Bourdieu.
Só que nesse embate, se a filósofa escritora, comunicadora das redes sociais, ficou mal em fugir ao debate, mesmo com todos os seus argumentos.  
O quadro digital não vai mudar. Porque a vida dessas pessoas mudou com a dita derrocada da democracia brasileira, mas não mudou radicalmente o suficiente para elas irem para as ruas. No máximo, eu vou ao programa de rádio de um amigo debater comigo mesma, sendo a especialista em todas as teorias políticas que me servem de argumento.
Você acha que se o povo realmente achasse essa uma injustiça fundamental (a condenação de Lula), ele não estaria nas ruas do país todo? Talvez não. Porque o povo sabe que a batalha é cotidiana, em defesa de si próprio e dos seus. Quem está desempregado e tem bocas a alimentar não tem tempo para treta de redes sociais.
Mas, o nosso dilema da comunicação é exatamente fazer entender que é preciso debater, é preciso ir às ruas. É preciso ir ao conselho da escola, é preciso ir ao sindicato e à justiça lutar por direitos, é preciso questionar as prefeituras, os governos estaduais etc. O julgamento do Lula é uma afronta à democracia? Talvez. É uma injustiça? Talvez. Mas ele mesmo disse que o que ele sofre hoje não é nem de longe o que sofre o povo brasileiro. Os mais pobres e injustiçados.
Márcia Tiburi perdeu a oportunidade de efetivamente ajudar a mudar esse quadro mostrando para o povo que é isso que devemos fazer: debater, lutar a qualquer momento, em qualquer lugar, com quem quer que seja. Penso que é isso que uma professora e uma filósofa deveriam dar como contribuição à sociedade hoje em dia. Cada um tem seu papel. No teatro social, alguns fazem, outros fingem fazer. Tiburi mostrou que sua contribuição é de mentirinha. Eu digo, mas eu não faço. A não ser quando eu quero, onde eu quero, com quem eu escolher fazer.
Ora, bolas! Se a democracia realmente está ameaçada, então, não é hora de escolher o campo de batalha ou o adversário, é hora de lutar. Mas, assim como o povo não vai às ruas, Tiburi não fica no estúdio para debater quando Kataguiri. Dou o meu show particular e saio do campo de batalha. Para que debater se eu tenho meu currículo lattes para me defender? Arrogância típica nesse segmento hoje em dia, infelizmente.
Mas, eu queria chegar ao ponto da relação entre  Lula e o povo. Se Lula é legal com os pobres e está sendo injustiçado, por que o pobre deve deixar Lula de lado? Em primeiro lugar porque Lula já deu sua contribuição. Ele jamais fará um governo tão bom porque o Brasil não é mais o mesmo de seu governo. O preço das commodities já não é mais o mesmo, como bem vem dizendo em sua pré-campanha o Ciro Gomes.
Ah, você dirá que sou partidário de Ciro como poderia ser de Lula. Um interessado no tema. Como todos. Mas, não! Ciro não posa de herói, ainda que sua trajetória futura possa vir a lhe contradizer, como normalmente ocorre. Ciro, porém, avisa com antecedência: a democracia não se fortalece por um passe de mágica. O que fortalece a democracia é participação cidadã.  Por isso é tão importante o papel de cada político popularmente influente. Cada filósofo influente, cada professor, cada jornalista.
Não para defender a si mesmo, seu próprio capital cultural, mas para defender a democracia. Esse tal estado democrático de direito que os queridos do campo dito progressista tanto querem defender. Não apoio intolerância nem intransigência de nenhum lado. Não me faço porta voz de ninguém a não ser de mim mesmo. Mas eu daria uma sugestão ao povo e gostaria de me fazer ouvir.

Eu diria: eduque-se, exercite seu trabalho, sua ética, seus afetos (e isso quer dizer gozar, mas quer dizer se irritar também) e vá procurar organizar a sua rua, sua escola, seu trabalho, seu condomínio, seu bairro, sua cidade. Só assim, começando de baixo e não esperando milagres de seres humanos tão falhos como cada um de nós, a gente vai poder mudar alguma coisa nessa republiqueta. Mas fique de olho nos candidatos e em todo o movimento. 

Veja como o jornal O Povo, do Ceará expôs as fragilidades de Tiburi que se apressou em ensaiar uma defesa na revista Cult onde escreve. Leia aqui a matéria de O Povo.

quarta-feira, 17 de janeiro de 2018

Walter Benjamin e a politização da arte


Entrevista que fiz com Detlev Schöttker, realizada em 2013 no PPGCOM e nunca antes publicada.

Detlev Schöttker esteve na UFPA a convite do PPGCOM


Detlev Schöttker é professor da Universidade Técnica de Dresden, na Alemanha, e um dos mais reconhecidos pesquisadores da obra de Walter Benjamin. Entre seus livros publicados estão “Walter Benjamin: Werke und Nachlaß Kritische Gesamtausgabe” e “Walter Benjamin das kunstwerk im zeitalter seiner technischen reproduzierbarkeit”. Este último título foi publicado parcialmente no Brasil em 2012, pela Contraponto, como “Comentários sobre Benjamin e A Obra de Arte na Era de Sua Reprodutibilidade Técnica”, lançado em um volume composto com o texto original de Benjamin e outros ensaios.
Em maio de 2013, Schöttker foi convidado pelo Programa de Pós-Graduação Comunicação, Cultura e Amazônia (PPGCOM) da UFPA, então sob a direção da professora Maria Ataíde Malcher, a ministrar uma conferência aberta e um curso aos alunos do Programa. Fui um dos 20 alunos que tiveram a sorte de conviver com Schöttker durante uma semana, período em que ele lecionou como se tivesse na sala de aula de um curso preparatório ao vestibular: encenando, fazendo jogos bem humorados e ajudando a desfazer todo o mistério que os professores de graduação haviam nos feito crer que existia na obra de Benjamin.
Fosse pedindo aos alunos que encenassem uma peça teatral ou fosse articulando frases em inglês e português, ele repassava conhecimentos sobre a formação aurática e sobre a performance dos artistas e seu impacto na recepção da obra. Ele também falou sobre detalhes a cerca do conteúdo e da publicação de uma dos mais famosos ensaios de um dos maiores autores do século XX. Tudo auxiliado por dois intérpretes, sendo um deles o professor Gunter Karl Pressler, alemão que mora há mais de 15 anos no Brasil.
Foi o Prof. Pressler que me auxiliou na entrevista que realizei ao final do curso e que reproduzo abaixo. Concedida em abril de 2013, com auxílio de transcrição de Vivian Carvalho, que, junto comigo, dividia a representação discente no Programa à época. Não sei exatamente porque esse material não foi publicado antes. De toda forma, agora ele está disponível. E chega em momento importante, onde realmente as pessoas passam não só a criar expetativas como a questionar a postura do artista para além de sua obra.

Os comentários de seu livro, que está sendo lançado agora no Brasil, demonstram que a percepção/observação da arte na era de sua reprodução não era uma novidade à época de Walter Benjamin, outras pessoas pensaram e escreveram a respeito. Em sua opinião por que o texto de Benjamin ganhou mais notoriedade e mais perenidade que outros?
Benjamin é o primeiro teórico que realmente deu uma seriedade de pesquisa à questão estética da reprodução da arte. Ele coloca essa questão no conjunto das questões filosóficas sobre a arte. A estética anterior a Benjamin não se dedicou a questões técnicas ou tecnológicas da arte. Então, se queremos, na atualidade, compreender a arte, nós precisamos assumir a responsabilidade de refletir sobre a reprodutibilidade, as questões técnicas da arte.

A representação pública de Benjamin sugere uma personalidade melancólica. O Sr. acredita que Walter Benjamin colaborou, de alguma forma, consciente ou inconscientemente, para a construção de um aura “mítica” para o próprio trabalho dele?
Se Benjamin tivesse sido sempre uma pessoa melancólica, deprimida, ele não teria trabalhado tão produtivamente. Então, ele não pode ter sido triste a vida inteira. Benjamin estava interessado na melancolia de outros grandes artistas, não tinha uma reflexão somente da sua própria melancolia. Mas, a recepção interpretou o que ele pesquisou e destacou como se fosse um atributo dele mesmo.  

Mas o Sr. acredita que Benjamin teve, em algum momento, a percepção de que o próprio trabalho seria visto, na posteridade, dessa forma melancólica?
Benjamin tinha a consciência de que o mundo se interessava mais pelo melancólico do que pelo alegre. Naturalmente, ele não rejeitou essa imagem e também se adaptou a ela. Ele pensou que seria visto assim, futuramente.

Benjamin é visto como um dos principais teóricos do século XX. Em sua opinião, nós podemos compreender o mundo contemporâneo a partir da obra do Benjamin? Por quê?
Benjamin não conseguiu prever exatamente o mundo digital, esse mundo não faz parte da percepção dele. Benjamin pensou bastante sobre a construção eletrotécnica do mundo e com essa reflexão teórica ele encaminhou ideias para esse mundo atual, para esse mundo digital. Então, a partir de Benjamin, você pode pensar e continuar desenvolvendo uma reflexão sobre o mundo atual.

Benjamin aponta a “politização da arte” como uma alternativa prática e revolucionaria à “estetização da política”. Acredito que essa não é uma posição muito bem vista pelos teóricos da arte. O Sr. acredita que hoje é possível politizar a arte?
Durante os movimentos das guerras isso foi uma questão importante, a politização da arte. A redescoberta de Benjamin foi uma redescoberta política, entretanto os enfoques mudaram para a questão da percepção e da reflexão teórica da arte. Quer dizer, a questão política ficou em segundo ou terceiro lugar, mas não desapareceu totalmente. Eu acredito que a questão política da arte vai voltar.

É possível, então, politizar a arte contemporânea?
Podemos ver que a oposição, as forças políticas contra a globalização, já usam, novamente, atividades artísticas para colocar as questões políticas no ar. Então, a politização da arte dessa forma está presente nos movimentos políticos e não na Academia.

Gostaria que o Sr. explicasse, por ser uma questão recorrente, por que Benjamin não pode ser associado à Escola de Frankfurt. A que devemos essa afirmação? Quais os conceitos e as orientações que distanciam Benjamin de Adorno e Horkheimer?

Benjamin se interessava bastante por questões metafísicas, enquanto a Escola de Frankfurt estava mais preocupada com questões econômicas, empíricas. Benjamin era muito ligado aos fenômenos espirituais, imateriais e não simplesmente às questões que estão diante de nós, as questões do capitalismo visível. Isso é um fator que o distancia da Escola de Frankfurt, é uma diferença fundamental entre ele e os outros membros da escola de Frankfurt. 

quarta-feira, 10 de janeiro de 2018

Rocket Long Play 2, agora com microfone aberto


     A exposição para venda de livros e discos de vinil fez sucesso na primeira edição do Rocket Long Play. O público gostou e teve um improviso que acertei meio em cima da hora com o Jacob Franco, dono da casa. Uma canja com voz e violão e alguns clássicos do rock e da música popular. Ficou tão legal o formato que vai ter de novo essa semana. Vai ser na sexta-feira agora, dia 12. 
   Além da minha canja vou disponibilizar o banquinho e o violão para quem quiser aparecer e se juntar a nós. O som continua com a pancada no vinil ao comando do próprio Jacob, do parça Moriel Prado e de Denys Prime. Com direito a cerveja litrão ao preço de R$ 8,  tá valendo muito. 

SERVIÇO:
Festa Rocket Long Play 2
Dia 12 de janeiro de 2018 – Sexta-feira.
O bar abre às 20h e as audições no vinil começam às 22h.
Endereço: Rua Boaventura da Silva 1300, altos. (Entre 14 de Março e Alcindo Cacela)
Entrada Franca.

sexta-feira, 5 de janeiro de 2018

Rocket Long Play promove audições em vinil

Vou expor meu acervo de vinis e livros (para venda) na festa que vai rolar amanhã no Rocket Bar, apareçam para ouvir e trocar ideias

O Rocket Bar promove uma salada eclética e saborosa neste sábado ao som do mais puro vinil. É a festa Rocket Long Play, que vai contar com a discotecagem de bolachões dos DJ’s Moriel Prado, Jakob Franco e Paulo Israel, misturando punk com folk, jazz com blues e bolero, guitarrada e carimbo com transh metal e rockabilly.
De acordo com Franco, gerente da casa, além de DJ, a intenção é promover a cultura do vinil, tentar resgatar o hábito de reunir os amigos e trocar ideias e informações a respeito do formato analógico. “A gente curte as informações que tem as bolachas em seus belos encartes e capas”, explica.
Portanto, não é só para ouvir o som, que também é muito importante, mas para também fazer um point de encontro e de audições. “Sempre com alguns convidados, colecionadores e simpatizantes dessa arte”, complementa.
Para quem quiser também adquirir vinis, o sebo Lidos Lidos Discos Ouvidos, do jornalista e compositor Nicobates, vai estar na área com seu acervo que inlui MPB, música paraense, pop e rock nacional e internacional. “A oportunidade de adquirir peças raras também é excelente, porque o acervo do Nicobates está sempre renovado. Eu compro sempre dele”, dis Moriel Prado.

SERVIÇO:
Festa Rocket Long Play
Dia 06 de janeiro de 2018 – Sábado.
O bar abre às 20h e as audições no vinil começam às 22h.
Endereço: Rua Boaventura da Silva 1300, altos. (Entre 14 de Março e Alcindo Cacela)
Entrada Franca.