terça-feira, 14 de maio de 2019

Outros Nativos oferece oficinas gratuitas na periferia de Belém


Festival oferece oficinas de arranjo para banda pop e direito autoral gratuitamente
Joel Flag e Nicobates compartilham conhecimento com os músicos e jovens da periferia de Belém essa semana no Projeto Outros Nativos

Joel Flag em ação na banda Suzana Flag: pop rock 


O Festival Sociocultural Outros Nativos realiza na próxima sexta-feira, dia 17, a oficina de Arranjo Para Banda Pop Rock. A ideia é estimular a formação de grupos musicais dentro dos bairros da Sacramenta, Pedreira, Barreiro e arredores para competir no festival. Mas há vagas para pessoas de outros bairros também.
Outros Nativos é um projeto patrocinado pela Fundação Cultural do Município de Belém (Fumbel) por meio do edital de Projetos Culturais de Relevância Social. Sua intenção é trabalhar a sociabilidade do artista da periferia e premiar novos talentos musicais. O festival propriamente dito ocorre no segundo semestre.
Nesta primeira fase são realizadas dez oficinas preparatórias, todas na Escola Estadual Acy de Barros, na Passagem Mucajá, 245, entre Senador Lemos e Pedro Alvares Cabral. Durante a semana serão ministratadas oficinas de Direito Autoral e Gestão de Carreira, à partir das 17h30.
A oficina de Arranjo para Banda Pop Rock, ocorre de sexta à domingo, e será ministrada pelo produtor musical, guitarrista, arranjador e compositor, Joel Flag, da banda castanhalense Suzana Flag. “Basicamente, vamos trocar ideias sobre a nossa experiência com bandas e festivais e tocar juntos, trabalhando em cima das músicas dos alunos”, explica Joel Flag.
Joel Flag toca há 17 anos na banda Suzana Flag, que fez muito sucesso entre 2003 e 2011 na cena de Belém, tocando em festivais e ganhando prêmios. Como produtor gravou vários artistas como o próprio Nicobates, O Cinza e Thais Badu.   
O projeto é uma iniciativa do produtor, jornalista, compositor e cantor Nicobates, que mora na Sacramenta e percebeu o potencial da comunidade para a música. “A música é um instrumento de comunicação que liberta e pode trazer muitos benefícios à comunidade. Espero que todos possam aproveitar essa oportunidade que a prefeitura nos deu por meio deste edital”, comenta.
Nicobates dirigiu vários projetos como o Pará Pró Música, Bafafá Pro Rock, Pará Musica.Com e foi guitarrista da banda Norman Bates por 15 anos. Agora, lidera o projeto Nicobates e Os Amadores. No Outros Nativos, ele ministra essa semana oficinas sobre Direito Autoral e Gestão de Carreira.

SERVIÇO:
Oficina de Arranjo Para Banda Pop Rock
Com Joel Flag – Inscrições Gratuitas
De 17 a 20 de maio na Escola Estadual Acy de Barros
Informações: (91) 98168 7474 / outronativos@gmail.com

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2019

Festival Sociocultural Outros Nativos - Parte 1

Neste vídeo, que publiquei no meu canal no Youtube, eu apresento o projeto Outros Nativos. Outros vídeos virão. Um dos primeiros movimentos que encontrei é a Batalha do Elevado, que surgiu pela mobilização da comunidade depois da extinção da Batalha da Dorothy Stang. Um dos objetivos recentes do projeto é apoiar e conseguir mais estrutura para a Batalha do Elevado. 

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2019

Menos uma batalha no elevado


Há um mês iniciei o trabalho do projeto Festival Outros Nativos, desdobramento da minha atuação como empreendedor social no bairro da Sacramenta. Este é um relato de um dia típico com outros empreendedores sociais do bairro


Sexta-feira, 15 de fevereiro. Cheguei com Samuel e Saul, irmão que fazem a Batalha do Elevado na Praça Dorothy Stang. Mal estacionei o carro e nos deparamos com a cena: cerca de 15 pessoas com as mãos na cabeça e pernas abertas no meio do anfiteatro enquanto cinco guardas da Rondac (tropa de elite da Guarda Municipal) de metralhadoras, motos, capacetes e mascaras na cara. Muk (Samuel) fica logo indignado: “Olha, esses caras!! O que estão fazendo!?”. 
Lembrei do depoimento do dia anterior de Fartura Baby para a matéria que estou fazendo sobre a Batalha do Elevado: “ A Polícia tem que parar de atuar maleficamente no movimento e atuar positivamente”. Digo pra Muka ficar na dele e desembarcar as coisas do celtinha enquanto eu me dirijo aos guardas municipais com minha pele clara, minha barba grisalha e minha camiseta preta dos Sex Pistols escrito “Pretty Vacant”.  Faço fotos enquanto me dirijo por trás da arquibancada do anfiteatro onde um dos guardas dá cobertura, de metralhadora na mão. 
Ele me cumprimenta enquanto eu subo o grande degrau da arquibancada e me pergunta se tem algum parente meu ali entre os revistados. Eu digo que não e tento explicar que vou desenvolver um projeto social ali com apoio da Prefeitura. Ele entende que eu sou servidor público. Eu explico minha condição de morador do bairro. Ele se justifica diz que é um procedimento normal e que são pessoas de bem (os revistados). Mostra um grupo de crianças que estão a seu lado direito. Ele as tirou do grupo de pessoas que estão revistando porque sentiram um cheio forte de maconha. E disse que, nesses casos, o Estado só atua quando a situação foge ao controle. 
Pergunto por que não existe policiamento constante como nas praças do centro da cidade e uso talvez erroneamente a expressão “policiamento ostensivo”. Ele ponta os colegas na revista e diz: está aí!. E disse que mais cedo tinha acontecido a mesma coisa no Horto Municipal (Centro da cidade). O papo se encerra gentilmente. Desejo boa tarde e bom trabalho. Eles terminam revista e vão embora pelo meio da praça passando por cima da grama mal aparada. A gente prepara o equipamento para a batalha do rap. É só mais um baculejo na quebrada. Dessa vez não teve assalto, prisão nem morte.