sexta-feira, 29 de dezembro de 2017

Visagens da cena musical de Belém

O rock da Norman Bates é tema de artigo publicado por mim e pelo professor Fabio Fonseca de Castro na Revista Crítica Cultura da Unisul de Santa Catarina.
Norman Bates nas ruínas do Murucutu em 2004. Foto: Leg.

    Em 2012, a revisão psicanalítica da minha trajetória profissional e afetiva coincidiu com meu contato com a fenomenologia, por meio das aulas do professor Fábio Fonseca de Castro no mestrado do PPGCOM/UFPA. Essa revisão perpassou inevitavelmente pela análise da trajetória discursiva da banda Norman Bates, da qual participei por mais de 15 anos. Tratando na minha pesquisa da cena musical paraense, em perspectiva da experiência vivida e dos estudos já realizados até então, busquei o distanciamento necessário para empreender essa análise.
     Das leituras de Freud junto à disciplina da professora Regina Lima, e do meu psicoterapeuta, veio o conceito de denegação. A ideia de denegação foi, para mim, uma revelação. Revelação que, junto com as ideias sobre o nativismo amazônico na cultura, se mostrou particularmente frutífera no estudo dos conteúdos da Norman Bates. Foi no artigo da disciplina do professor Fábio que surgiu o embrião do artigo “Visagens do Rock de Belém – Identidade assombrada e intersubjetividade em uma banda amazônica”, publicado agora pela revista Crítica Cultural da Universidade do Sul de Santa Catarina, Qualis B1, em parceria com o mesmo. Acesse AQUI
    Preciso dizer algumas coisas sobre a parte que me cabe na feitura desse artigo. Em primeiro lugar, que ele não resume nem a visada crítica da produção da Norman Bates nem a sua posição dentro da cena rock de Belém (e isto está mais ou menos claro no próprio texto). Em segundo lugar, que, considerando as origens sociais distanciadas entre eu e meu orientador (o que considero importante em uma perspectiva fenomenológica, além do distanciamento de graduação acadêmica), ele abrange perfeitamente o que considero importante em seu recorte crítico.
    Também preciso dizer que, apesar de não resumir a produção da Norman Bates, sendo apenas um recorte, espero que ele ajude a reposicioná-la na intersubjetividade da cena local, bem como seus integrantes e criadores. Apesar deste artigo tratar de uma banda de rock ele também ressalta sentimentos e percepções comuns à produção local, podendo ajudar artistas e jornalistas envoltos em recente polêmica sobre o sentido de “regional” no subgênero local “Guitarradas” a compreender melhor o seu estar no mundo, ou, quem sabe, o estar no mundo compartilhado desta cena.
  Finalmente, quem quiser compreender melhor a abordagem fenomenológica de “denegação” na cultura regional  pode ler o artigo “Identidade Denegada. Discutindo as representações e a autorrepresentação dos caboclos da Amazônia.”, de Fabio Castro, publicado na Revista da USP e acessível neste LINK