O rock da Norman Bates é tema
de artigo publicado por mim e pelo professor Fabio Fonseca de Castro na Revista
Crítica Cultura da Unisul de Santa Catarina.
Norman Bates nas ruínas do Murucutu em 2004. Foto: Leg. |
Em 2012, a revisão psicanalítica da minha trajetória profissional e
afetiva coincidiu com meu contato com a fenomenologia, por meio das aulas do
professor Fábio Fonseca de Castro no mestrado do PPGCOM/UFPA. Essa revisão
perpassou inevitavelmente pela análise da trajetória discursiva da banda Norman
Bates, da qual participei por mais de 15 anos. Tratando na minha pesquisa da
cena musical paraense, em perspectiva da experiência vivida e dos estudos já
realizados até então, busquei o distanciamento necessário para empreender essa
análise.
Das leituras de Freud junto à disciplina da professora
Regina Lima, e do meu psicoterapeuta, veio o conceito de denegação. A
ideia de denegação foi, para mim, uma revelação. Revelação que, junto com as
ideias sobre o nativismo amazônico na cultura, se mostrou particularmente
frutífera no estudo dos conteúdos da Norman Bates. Foi no artigo da disciplina
do professor Fábio que surgiu o embrião do artigo “Visagens do Rock de Belém –
Identidade assombrada e intersubjetividade em uma banda amazônica”, publicado
agora pela revista Crítica Cultural da Universidade do Sul de Santa Catarina,
Qualis B1, em parceria com o mesmo. Acesse AQUI.
Preciso dizer algumas coisas sobre a parte que me cabe na feitura desse
artigo. Em primeiro lugar, que ele não resume nem a visada crítica da produção
da Norman Bates nem a sua posição dentro da cena rock de Belém (e isto está
mais ou menos claro no próprio texto). Em segundo lugar, que, considerando as
origens sociais distanciadas entre eu e meu orientador (o que considero
importante em uma perspectiva fenomenológica, além do distanciamento de graduação
acadêmica), ele abrange perfeitamente o que considero importante em seu recorte
crítico.
Também preciso dizer que, apesar de não resumir a produção da Norman
Bates, sendo apenas um recorte, espero que ele ajude a reposicioná-la na
intersubjetividade da cena local, bem como seus integrantes e criadores. Apesar deste artigo tratar de uma banda de
rock ele também ressalta sentimentos e percepções comuns à produção local,
podendo ajudar artistas e jornalistas envoltos em recente polêmica sobre o sentido
de “regional” no subgênero local “Guitarradas” a compreender melhor o seu estar
no mundo, ou, quem sabe, o estar no mundo compartilhado desta cena.
Finalmente, quem quiser compreender melhor a abordagem
fenomenológica de “denegação” na cultura regional pode ler o artigo “Identidade Denegada.
Discutindo as representações e a autorrepresentação dos caboclos da Amazônia.”, de Fabio Castro, publicado na Revista da USP e acessível neste LINK.